Como em toda vizinhança a notícia sobre o nascimento das meninas siamesas espalhou-se rapidamente, até chegar aos ouvidos de Dna. Filomena ou Fifi, como era conhecida pela maioria, e assim, que soube do fato entrou em profundo desespero, dizendo que o vilarejo estava amaldiçoado, que nunca houvera visto tamanha aberração e que os Brodowlski deveriam ser banidos de lá para manter a paz em Palestina, mas nem todos concordavam com ela.
Dna. Fifi era católica fervorosa e acreditava que aquilo era um sinal da chegada do fim do mundo, então correu até a pequena paróquia da cidade para pedir ao pároco que fosse benzer ver as crianças, mas este era um velho sábio, havia percorrido o Mundo até chegar àquela pequena cidade e então, explicou para Dna. Fifi que já houve outros casos e que estava em um Congresso quando ouviu falar pela primeira vez de um caso deste, foi em 1951 no estado de Ohio, nos Estados Unidos.
O pároco Júlio Simões contou à velha Fifi, que naquela época cientistas constataram que havia um caso de gêmeos siameses para cada 100 mil nascimentos e que no geral mais da metade nasciam mortos. Falou para Dna. Fifi que iria visitar as meninas e pedir ajuda a alguns amigos médicos, pois a cidade de Palestina sofria muito com a falta de médicos no único hospital público. Algumas horas depois padre Júlio chegava até a casa dos Brodowlski, e lá estavam aquelas duas crianças dormindo.
Dna. Gertrudes chamou o padre Júlio para tomar um café na cozinha e conversar sobre o nascimento de suas filhas. A mulher assumiu estar assustada, pois nunca ouvira falar sobre algo parecido e então mais uma vez o padre explicou sobre o fenômeno e disse para Gertrudes que suas filhas eram uma benção e não uma aberração ou maldição como muitos estavam dizendo, inclusive seu marido. Avisou-a que iria buscar alguns amigos médicos e se fosse necessário levaria a mulher e as meninas para outra cidade para fazer os exames necessários e descobrir se elas estavam realmente sadias como pareciam, mas pediu para que enquanto não trouxesse os médicos que Dna. Gertrudes continuasse a amamentar as duas meninas e que ela mesma também se alimentasse muito bem para que seu leite fosse sempre bom para suprir as necessidades das meninas, então após acabar o café padre Júlio foi embora e pediu para que a mulher aguardasse o seu contato.
Enquanto saia pelo velho portão de madeira o padre acenou para Vadenberg que parara sua Variant, bege de 1975, Sr. Vadenberg acenou com todo respeito ao pároco, mas ao entrar em casa mostrou-se furioso. O homem queria saber o que havia acontecido para receberem aquela visita, pois há dois dias não conseguia andar pelas ruas de Palestina sem ser apontado, comentado e julgado por todos. Foi então que Gertrudes sentou o marido e começou a explicar o motivo do padre ter feito aquela visita, e como se soubessem do que os pais falavam as meninas começaram a chorar e espernear no berço, foi então que Vadenberg disse: - ouça essas crianças, nunca vi bebês chorarem desta forma, vá mulher acalme tuas filhas antes que me enlouqueçam. Assim que Gertrudes pegou as crianças, ainda com dificuldade, as duas calaram-se e ficaram a olhar para a mãe, como se soubessem quem era aquela mulher que as pegavam de forma afetuosa e aconchegante.